Because of massive conversion of natural habitat into cropland, the future of many tropical mammals depends on understanding how agricultural landscapes influence biodiversity. We assessed the effects of natural and anthropogenic land covers and disturbances on occupancy of gray brocket deer (Mazama gouazoubira) in 3 agricultural landscapes in the Brazilian Cerrado where sugarcane or managed forest cover most (> 50%) of the landscape. We used camera-trap surveys to quantify the relationships between deer occurrence and land cover, unpaved roads, urban areas, waterways, and degrees of legal protection. We found a strong and positive effect of managed forests, indicating that this land cover is good habitat for the brocket deer in our region. Native forests and sugarcane had, surprisingly, weaker effects on deer occupancy. Furthermore, the effect of sugarcane varied according to the amount of remaining natural forest: when the amount of natural forest surrounding the camera point was scarce, sugarcane had a negative effect on deer occupancy, but the effect was positive when natural forest was abundant. Our results confirm the ecological flexibility of gray brocket deer, even in landscapes where sugarcane monocultures or Eucalyptus plantations predominate. We caution however that the responses of deer might be different in landscapes more severely depleted of natural vegetation (< 20% at the landscape level). We therefore suggest that future research assess the population status of this deer in more deforested landscapes, and also consider the temporal dynamics of managed forests and sugarcane, as the vegetation cover can change drastically.
Devido à intensa conversão de habitats naturais em grandes extensões de plantios, o futuro de muitos mamíferos tropicais depende do entendimento de como paisagens agrícolas influenciam a biodiversidade. Avaliamos os efeitos de coberturas de terras naturais e antrópicas e distúrbios na ocupação do veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) em 3 paisagens agrícolas no Cerrado brasileiro, onde a cana-de-açúcar ou florestas plantadas cobrem a maior parte (> 50%) da paisagem. Utilizamos armadilhas-fotográficas para quantificar as relações entre a ocorrência dos veados e o tipo de cobertura da terra, estradas de terra, áreas urbanas, cursos d'água e grau de proteção legal. Encontramos um efeito forte e positivo de florestas plantadas, indicando que essa cobertura da terra é um bom habitat para o veado-catingueiro na nossa região. Florestas nativas e cana-de-açúcar tiveram, surpreendentemente, efeitos mais fracos na ocupação dessa espécie. Contudo, o efeito da cana-de-açúcar variou de acordo com a quantidade de remanescentes naturais: quando a quantidade de florestas naturais no entorno da armadilha-fotográfica era escassa, a cana-de-açúcar teve um efeito negativo na ocupação dos veados, mas o efeito foi positivo quando as florestas naturais eram abundantes. Nossos resultados confirmam a flexibilidade ecológica do veado-catingueiro, mesmo em paisagens onde predominam monoculturas de cana-de-açúcar ou florestas plantadas de Eucalyptus. Vale ressaltar, porém, que a resposta desta espécie pode ser diferente em paisagensmais severamente esgotadas de vegetação natural (< 20% na escala da paisagem). Portanto, sugerimos que em futuros trabalhos seja avaliado o status populacional dessa espécie em paisagens mais desmatadas considerando, também, a dinâmica temporal das florestas plantadas e da cana-de-açúcar, à medida que a cobertura da vegetação muda drasticamente.